Pensar nas possibilidades de coexistência em nosso mundo talvez seja um dos maiores desafios dos tempos atuais, já que, muitas vezes, as diferenças são tratadas com intolerância. Seja na escola, num shopping center ou mesmo nas ruas da cidade, não é raro presenciar situações em que um corpo diferente daquele considerado como “normal” é tratado com indiferença e exclusão. Você já reparou, porém, que a diferença entre os corpos é algo não só presente, mas estruturante em nosso país? Cada corpo, com suas diversas formas, cores e experiências transforma o modo como nos relacionamos enquanto coletivo, fazendo do Brasil esse país tão diverso.
Toda comunidade é composta por pessoas diferentes, que participam de formas distintas e, por isso, transformam constantemente a própria comunidade a partir dessas singularidades. A coletividade é construída sem parar através das diferenças, e não apesar delas. Afinal, se fôssemos todos iguais, o que poderíamos aprender uns com os outros? É a partir do encontro com alguém diferente de nós que desenvolvemos a capacidade de sermos afetados, ou seja, de partirmos de um sentimento individual para nos envolvermos e nos conectarmos com o coletivo.
Cada pessoa, com seu corpo singular, experiencia o mundo de modo diferente, e toda experiência é uma forma de conhecimento válido. Portanto, se colocar no lugar do outro e se deixar afetar pela experiência do outro é um gesto essencial para interpretarmos a diferença não como deficiência, mas como a base a partir da qual podemos aprender.
